(In)Conclusivos

Inconcl­­usivos.
Prólogo

E lá estava eu, apaixonado, machucado, destruído e mais alguns sentimentos que nem eu mesmo sabia definir. Sentindo um cheiro infelizmente familiar e asqueroso para mim. Parecido com álcool em gel, soro, perfume e vários tipos de desinfetante. Novamente tendo aquelas paredes tão brancas causando uma quase claustrofobia, que parecia quase me sufocar. Tudo parecia me sufocar, a sensação, o Déja vú, a vertigem, a familiaridade, o fato de eu estar ali de novo. E o fato disso sempre se repetir, de novo e de novo e mais uma vez. Deixando-me criar esperanças e logo depois as arrancar bruscamente de mim. Mas havia um fato que me afetava mais, muito mais do que os outros.

O fato de que... A pessoa que eu mais amo estar aqui comigo.

Aquela voz, antes tão melodiosa, agora estava rouca e fraca, como tantas vezes já ficara, como tantas vezes já havia perdurado. Os olhos, antes tão brilhantes e alegres, agora se exibiam quase sempre fechados. Com um brilho fraco e quase extinto. Eu confortava-o, como sempre fazia. Murmurava baixinho contra seu ouvido que iria ficar tudo bem e que logo iríamos para casa. Eu não sabia se tudo ia ficar bem de fato. Os médicos também não.

Segurava as lágrimas na sua frente, para que depois que seus olhos se fechassem e ele fosse dormir, eu pudesse deixá-las descer por minha face sem pudor. Escondido de seu ser, para ele não se preocupar, para que ele não visse o quão fraco eu estava sendo. Lembro-me vagamente de que quase sempre, ele sorria quando eu fraquejava, quando me permitia chorar em sua frente.

“Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.” Ele sussurrava contra meu pescoço, me abraçando e me acolhendo naquela cama desconfortável típica de um hospital.

Seu pequeno sorriso ainda despontava em seus lábios quase brancos. Ele fazia cafuné fracamente em minhas madeixas destratadas. Eu escutava e seu coração bater, lenta e irregularmente. Eu fazia muito isso. Sentir seu coração. Talvez, só talvez,