Impulsos Clim Ticos
DA
E VOLUÇÃO
NA
AMAZÔNIA
DURANTE O
CENOZÓICO
Impulsos climáticos da evolução na Amazônia durante o Cenozóico: sobre a teoria dos Refúgios da diferenciação biótica
J. HAFFER
E
G. T. PRANCE
Introdução
XTENSOS DADOS dos trópicos do Velho Mundo atestam a ocorrência de numerosos períodos secos nessas regiões durante os últimos 60 milhões de anos (Terciário e Quaternário). África e Austrália experimentaram uma sucessão de ciclos climáticos úmidos/secos e, durante os últimos 2,8 milhões de anos, foram submetidas a periódicas fases frias/secas correspondentes à sucessão de estágios glaciais do Plio-Pleistoceno. Na África tropical os níveis dos lagos foram intensamente reduzidos durante essas fases climáticas. Todavia, é provável que as mudanças não ocorreram homogeneamente nos continentes. Numa revisão global da origem e evolução das florestas pluviais tropicais Morley (2000:
XIII, 280) enfatizou que “sua imensa diversidade é devida não a uma história longa e imutável, com condições climáticas estáveis ao longo de milhares de anos, mas à capacidade de plantas oportunísticas sobreviverem em períodos de mudança climática e perturbações geológicas, para expandir suas distribuições quando as mudanças climáticas permitiram, ou abrigar-se em refúgios favoráveis quando os climas eram desfavoráveis. A diversificação das floras de florestas pluviais tropicais continuou durante a maior parte do Terciário, como resultado de sua sucessiva expansão, retração e fragmentação por barreiras físicas, e não é um fenômeno exclusivo do Quaternário”. A recorrência de eventos de clima seco, e seus efeitos associados às floras e faunas do Velho Mundo durante o Cenozóico
(Terciário e Quaternário), têm sido amplamente considerados como o principal agente impulsor que antecede as respostas evolucionárias da biota (veja vários capítulos em Goldblatt, 1993 e Vrba et al., 1995). Qual era a situação na América do Sul, particularmente na Amazônia, durante esses períodos