Impactos urbanos
Um dos grandes desafios da sociedade brasileira será sua capacidade de enfrentar os problemas urbanos das médias e grandes cidades, bem como das mega-cidades, nas quais a qualidade de vida se vê ameaçada por uma série de problemas, que vão desde congestionamentos, falta de saneamento básico e má qualidade do ar, até déficit habitacional. Enfim, situações que perduram por décadas e que exigem medidas urgentes e imediatas que permitam reverter a tendência de agravamento nos próximos anos.
Nos últimos anos surgiram algumas iniciativas importantes como o Estatuto da Cidade, com uma série de instrumentos de ação urbana entre as quais cabe ressaltar o Plano Diretor para cidades com mais de 20.000 habitantes. Este, em síntese, potencialmente permite o engajamento da sociedade no "desenho" do futuro das suas cidades, embora seja preciso ressaltar que ainda associamos a idéia de planejamento ao regime autoritário. Na prática, o cidadão brasileiro ainda não se vê como um protagonista ativo do desenho do seu bairro, da sua rua, numa espécie de delegação ao governo dessa função essencial à cidadania, sendo a busca do maior engajamento dos cidadãos em todo esse processo uma das principais tarefas na construção de uma sociedade mais democrática, com a finalidade de assegurar maior adesão e até mesmo cumprimento da Lei em sentido amplo.
Parece-nos que o mais grave nestas discussões é a existência de pouca vontade política dos agentes políticos em enfrentar com perspectiva de médio e longo prazos tais problemas crônicos. Esta postura se reflete na sociedade com o aumento da apatia e descrença na possibilidade de soluções, num círculo vicioso que diminui o exercício da cidadania, gerando uma noção equivocada de que estamos e somos predestinados a conviver eternamente com "problemas sem solução". Para quebrar esse círculo vicioso, precisamos promover iniciativas que restabeleçam a idéia de que é possível mudar e refazer o "contrato social", tanto no nível micro