Impactos no modo de vida dos trabalhadores rurais
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA
BELÉM/PA
NOVEMBRO/2013
O presente trabalho apresenta como a introdução da cultura do dendê, vem impactando no modo de vida das unidades familiares camponesas que firmaram parceria com as empresas inseridas, principalmente, no agronegócio do biodiesel em busca de incentivos fiscais e investimentos consideráveis, desde 2004. Juntamente com a ampliação da área ocupada pela dendeicultura no nordeste do Pará (em 37 municípios) e da geração de significativa quantidade de postos de trabalho, o plantio do dendê tem um potencial de sequestro de carbono até 30% maior (comparado com as florestas nativas), além de seu elevado potencial energético e da promessa de minimizar o desmatamento. Contudo, existem controvérsias sobre seu custo-benefício em relação ao aspecto sociocultural.
Não se pode negar que é uma cultura com grandes possibilidades, porém as grandes empresas envolvidas nos projetos de biocombustíveis implantados pelos Governos Federal e Estadual (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e Programa de Produção de Palma de Óleo) vem impondo algumas transformações à agricultura familiar, que é representada pelos estabelecimentos de até 200 hectares. As regras impostas acabam por não contribuirem para a adaptação dos agricultores, que tem “a terra como núcleo estruturante da comunidade” (Verena Glass – jornalista e pesquisadora do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis, da ONG Repórter Brasil: http://www.reporterbrasil.org.br). Um exemplo desta relação impositiva é a cláusula do contrato firmado entre a Petrobrás e um pequeno produtor, onde há a obrigação do cultivo exclusivo da área ocupada pelo dendê. Este modelo conduz o agricultor a usar maior parte de seu tempo produtivo (se não, todo) para essa monocultura, deixando de lado o plantio da agricultura para subsistência (agricultura diversificada), uma vez que o dendê consome boa parcela