identidade surda
UMA PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS
“Fazendo uma espécie de digressão sobre a educação de surdos no Brasil, apresentam-se duas fases que podem ser claramente delineadas e uma terceira fase, a atual, que configura um processo de transição.” (p.21)
“A primeira fase constitui-se pela educação oralista (Couto, 1988), que apresenta resquícios de sua ideologia até os dias de hoje. Basicamente, a proposta oralista fundamenta-se na ‘recuperação’ da pessoa surda, chamada de ‘deficiente auditivo’ [...], contudo, é uma proposta educacional que contraria tais suposições: não permite que a língua de sinais seja usada nem na sala de aula nem no ambiente familiar, mesmo sendo esse formado por pessoas surdas usuárias da língua de sinais.” (p. 21-22) “[...] O oralismo é considerado pelos estudiosos como uma imposição social de uma maioria linguística (os falantes das línguas orais) sobre uma minoria linguística sem expressão diante da comunidade ouvinte ( os surdos) ( Sánchez, 1992; Ferreira Brito, 1990; Skliar et al., 1995).” (p. 26)
“[...] Diante desse difícil contexto, surge uma proposta que permite o uso da língua de sinais com o objetivo de desenvolver a linguagem na criança surda. Mas a língua de sinais é usada como um recurso para o ensino da língua oral [...]. Esse sistema artificial passa a ser chamado de português sinalizado. O ensino não enfatiza mais o oral exclusivamente, mas o bimodal [...]. Tal proposta caracteriza-se pelo uso simultâneo de sinais e da fala.” (p.23)
“[...] O bimodalismo é um sistema artificial considerado inadequado (Duffy,1987; Ferreira Brito, 1990), tendo em vista que desconsidera a língua de sinais e sua riqueza estrutural e acaba por desestruturar também o português. Esse sistema vem demonstrando não ser eficiente para o ensino da língua portuguesa, pois tem-se verificado que as crianças surdas continuam com defasagem