Hugo Chavez
Introdução
Nesta pesquisa, propomo-nos a investigar a complexa relação da burocracia militar venezuelana sob o governo de Hugo Chávez com o imperialismo norteamericano. Pretendemos pesquisar em que medida se manifesta na Venezuela uma burocracia militar de tintura nacionalista e bonapartista, bem como o grau de contradição com os interesses políticos e econômicos do capital estadunidense
(financeiro, industrial, comercial). Nestas análises, procuraremos compreender, teórica e politicamente, em que medida se pode caracterizar aquele governo como bonapartista, levando-se em conta a realidade social concreta daquele país. Para isso, traçaremos as principais características da sua burocracia militar e seu viés nacionalista, ideologia que tem marcado os discursos oficiais do presidente, ex-tenente-coronel Hugo Chávez.
Procurar-se-á compreender, portanto, em que medida o nacionalismo da “revolução bolivariana”, ao se legitimar pelo sufrágio universal, ao organizar e mobilizar os setores populares e ao provocar reações de frações da burguesia interna e externa, ameaça os interesses do grande capital financeiro e industrial dos Estados Unidos. Por outro lado, é importante compreender em que medida um governo de tipo bonapartista é fundamental para levar adiante um projeto político nacionalista e antiimperialista.
Para isso iremos reconstituir brevemente a história da Venezuela, com destaque para a organização política do grupo de oficiais que deu sustentação à liderança de
Hugo Chávez. A partir de 1982 foram criados o EB-200 (Exército Bolivariano-200) e os chamados CAR (Comandos de Áreas Revolucionárias). Em 1986, acentua-se a orientação político-conspirativa da organização, passando a se chamar MBR-200
(Movimento Bolivariano Revolucionário-200), sucedido, em 1997 pelo MVR
Doutoranda em Ciência Política pela Unicamp. Pesquisadora do GEPAL