Homero na obra de Vico e Simone Weil
2276 palavras
10 páginas
Para Gadamer, o significado de um texto nunca se esgota nas intenções de seu autor. Quando passa de um contexto histórico para outro, novos significados podem ser dele extraídos. É que aquilo que uma obra nos diz depende do tipo de pergunta que fazemos. Essas perguntas, por sua vez, em certa medida, são condicionadas pelo contexto histórico e social no qual são feitas. No entanto, quando lemos um texto, em especial aqueles que forma escritos em outros momentos e contextos, também nós somos transformados. Somos, de alguma maneira, condicionados pelo texto, tal como ele é por nós condicionados. Por isso, afirma Gadamer, toda interpretação é um diálogo entre o presente e o passado, no qual o presente só é compreensível em função do passado, com o qual forma uma continuidade, e o passado só é apreensível do ponto de vista parcial do presente. Assim, a compreensão acontece quando fundimos nosso horizonte de significados com o horizonte no qual a obra está colocada. Daí a importância dos estudos da recepção. Por meio deles, tomamos consciência dos inevitáveis limites contextuais de toda interpretação, mas também passamos a compreender a nós mesmos como condicionados pelo texto. A história da recepção é, ao mesmo tempo, história do texto e nossa história. Um dos grandes marcos desses estudos é a obra de Hans Robert Jauss e sua escola de Constança. Voltando-se para o papel do leitor na produção do sentido, para Jauss, como para Gadamer, um texto não é nunca o mesmo: uma leitura é sempre mediada, situada e contingente. Isso não significa, no entanto, que ela seja arbitrária. O sentido de um texto envolve a convergência de sua estrutura com a estrutura da interpretação, que é sempre nova. Apropriando-se das ideias de Jauss e pensando-as no contexto dos Estudos Clássicos, Julia Gaisser afirma que não podemos pensar nossa recepção dos textos antigos sem a mediação das gerações que nos antecederam. Como o texto é moldado e enriquecido com novas significações a