histórico

MARIA DO
LIVRAMENTO M.
CLEMENTINO

Profª da
Universidade
Federal do Rio
Grande do Norte
(UFRN), hoje no
Departamento de
Políticas Públicas

o algodão e a vida urbana

INTRODUÇÃO
“A TERRA E O HOMEM NO NORDESTE” obra clássica do Professor Manuel Correia de Andrade é considerada na literatura sobre a Formação
Econômica do Brasil como um título de caráter abrangente1; logo, “material essencial, uma vez que envolve o que de mais importante ou pelo menos de fundamental se apresenta na vida de qualquer comunidade; a saber, como se relacionam os homens entre si em suas atividades produtivas, e como se comportam, uns relativamente aos outros, e ao conjunto da coletividade, no exercício de suas funções econômicas”2.
Trata-se de uma análise sobre a estrutura social e as condições de vida da população do Nordeste do Brasil no período pré-Sudene: o regime de propriedade e a estrutura fundiária, os sistemas de cultura e de criação de animais e as relações de trabalho no campo nordestinos foram aspectos profundamente abordados no livro.
Na primeira parte do texto, o autor faz uma análise das diversificações regionais existentes no Nordeste e elabora uma divisão sumária das várias regiões naturais nele existentes,”uma vez que as diversificações regionais têm uma grande influência nas formas de exploração da terra” (ANDRADE. 1963.p. 12).
Acredita que, no Nordeste, o elemento que marca mais sensivelmente a paisagem e mais preocupa o homem é o clima. Daí, pois, havê-lo dividido em três grandes regiões dando às mesmas os nomes consagrados pela tradição: Zona da Mata, Agreste e Sertão.
Este artigo resgata de ANDRADE o conceito de Nordeste como
“região de contrastes” e utiliza sua divisão metodológica “natural e geográfica” para mostrar que, no Rio Grande do Norte, um Estado eminentemente algodoeiro até os anos setenta do século XX, o algodão não foi capaz de gestar a vida urbana nos moldes preconizados por Manuel
Correia de Andrade na sua referência