História e Memória
Memória e História são termos que, embora muitas vezes associados como sinônimos, descrevem coisas bem diferentes. A memória, a grosso modo, pode ser interpretada como o levantamento, individual ou não, de fatos ocorridos no passado; a História trabalha com a interpretação científica, que desconstrói, critica, põe em conflito e até mesmo deslegitima os fatos que já estão “escritos em pedra” memória, que muitas vezes cria um passado idealizado e glorificado, que não corresponde à realidade. A memória é um fato social, seja individual, coletiva ou nacional ela está presente no dia a dia de todo ser humano. Graças a ela nós temos a noção de nacionalidade; lutas sociais e suas conquistas, como a do movimento negro, não são deixadas para trás; e tradições e culturas que caracterizam um povo são criadas e cravadas no tempo. Ela depende de grupos sociais para ser pensada e construída, grupos estes que, no processo de formação da memória também produz o esquecimento de outros fatos, que para o processo de construção da memória são realmente irrelevantes, mas que para o historiador e para a pesquisa histórica é fundamental. A História se dá aí, no papel de analisar e levantar os esquecimentos produzidos na formação de uma memória, para assim justificar os acontecimentos. Sem uma pesquisa e crítica histórica quem colocaria em cheque as teorias dos revisionistas alemães, por exemplo? Deslegitimar uma memória é questionar tradições, lembranças e lugares admitindo as amnesias sociais que ocorreram em sua formação. Entretanto, o Memória e a História não podem ser vistas como antíteses, pelo contrário, elas dependem uma da outra. A História usa da Memória como ponto de partida de suas pesquisas e faz uso dela para a averiguação histórica, cruzamento de fatos e embatimento de ideias; já o que seria da Memória sem a História para dar o aval científico dos fatos que a compõe? Apenas lembranças soltas e que, sem serem