História saude mental infantil
resultado de uma pesquisa bibliográfica e documental
em fontes primárias e secundárias, desenvolvida como
parte das atividades do Estágio de Pós-Doutorado
realizado pelo autor no Instituto de Psiquiatria da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, objetivando
apresentar a constituição dos saberes psicológicos e
psiquiátricos acerca da infância no Brasil a partir de
obras dos séculos XIX e XX encontradas na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro e na Biblioteca do Hospital
do Juquery.
A Saúde Mental Infantil no Brasil, enquanto
campo de intervenção, cuidados e estudos sobre a
criança, não teve nada estruturado ou sistematizado até
o século XIX, quando surgiram as primeiras teses em
psicologia e em psiquiatria, e quando foi criado o
primeiro hospital psiquiátrico brasileiro – o Hospício
D. Pedro II, em 1852 – seguido de vários outros ao
longo do território nacional.
Sobre a Colônia, Gilberto Freyre (1978), no
clássico Casa Grande & Senzala, cita estudos e
autores que se referem à criança do período colonial e
do Império, mas são textos sobre as doenças mais
comuns, a mortalidade infantil acentuada, as crendices,
os costumes, o comportamento.
Em um sistema patriarcal, onde a autoridade sem
limites do senhor de engenho ditava as normas e regras
a serem seguidas - é claro, sob os ditames da tradição e
da Igreja - o castigo físico era prática corrente na
educação das crianças: a palmatória e a vara de
marmelo eram companheiras zelosas do bom
comportamento; e quanto mais cruel era a família com
a criança, mais cruel era a criança com os animais e
com os escravos companheiros dos seus folguedos.
Por outro lado, os sofrimentos impostos às
crianças levavam-nas a desenvolver problemas
emocionais. Freyre (1978) assinala que “muito menino
de formação patriarcal sofria de gagueira; muito