História Oral e poder
Oral History and Power Alessandro Portelli[2]
Universidade La Sapienza, Roma
RESUMO:
Conferência no XXV Simpósio Nacional da ANPUH, Fortaleza, 2009.
Palavras-chave: História Oral; poder.
ABSTRACT:
Conference, XXV National Symposium of ANPUH, Fortaleza, 2009.
Key-words: Oral History; power.
Boa noite. Espero que vocês tenham paciência com meu espanhol, que é horrível e um pouco imaginário, mas é melhor do que o meu português, que não existe. Confiante, porque todas as pessoas que encontrei aqui no Brasil são muito gentis e acolhedoras, vou tentar. Porém quero, antes de tudo, agradecer à Telma[3], à professora Adelaide[4], à ANPUH e a todos os participantes deste Simpósio, porque estes dias têm sido muito interessantes e muito agradáveis.
Bem, para dar início ao tema, nos anos 50, o etnógrafo e antropólogo italiano Ernesto De Martino começava uma investigação sobre a cultura tradicional da Itália do sul, de Lucânia, Puglia – as regiões mais pobres e mais subdesenvolvidas, as mais ignoradas e excluídas de toda a nação italiana. Em um de seus artigos, ele escrevia: “Eu entrava nas casas desses camponeses pobres, olhando-os não só como informantes para um conhecimento antropológico, mas como cidadãos de meu país – cidadãos com os quais eu tinha a intenção de construir uma história compartilhada, uma história comum”.
Essa era a gente que o filósofo italiano Benedetto Croce dizia que estava fora da História, e que Ernesto De Martino, bem como outros historiadores e sociólogos italianos – Gianni Bosio, Danilo Montaldi, Rocco Scotellaro – tratavam de incluir na História como sujeitos ativos da política e da democracia que se ia construir no pós-guerra. Então, a coisa mais importante no trabalho com fontes orais, no trabalho de campo, é que não se trata de trabalhar com papéis, ou com coisas, ou com animais, mas de trabalhar com seres humanos, com cidadãos, com nossos iguais. É um trabalho de relação e, como todos os trabalhos de