HISTÓRIA DO TEATRO
Brasileiro (1570-1908). São Paulo, Edusp, 1999.
Maurício Silva*
Não consiste em novidade alguma o fato de o teatro no Brasil alçar vôos largos apenas a partir do século XIX, embora aqui estivesse presente desde os primeiros anos de nossa colonização. Semelhante assertiva é mais uma vez comprovada nas observações sintéticas que faz Décio de Almeida Prado em seu novo livro, História Concisa do Teatro Brasileiro (1570-1908).
Apesar da concisão – ou exatamente por sua causa –, os capítulos que compõem o livro contêm parágrafos e passagens densos, carregados de informações preciosas ao pesquisador especializado ou ao leitor curioso, embora raramente inéditas.
Mesmo assim, não deixam de compor um quadro originalmente cunhado pela sensibilidade de quem tem a máxima autoridade no assunto e a modéstia de quem reconhece que o conhecimento é construído em conjunto e não por vozes isoladas. O resultado é uma obra em que, em poucas páginas e com a contribuição de estudos diversos sobre o assunto, o autor consegue produzir um livro penetrante, de rara agudeza no meio acadêmico.
Tratando, primeiramente, do Período Colonial, o autor começa afirmando que o teatro brasileiro teria nascido – no século XVI – sob os auspícios da religião católica, com os “sermões dramatizados” (p. 20) de José de Anchieta: um teatro de inspiração medieval, heteróclito, itinerante. E se o século XVII não conheceu prati*
Universidade de São Paulo
UNILETRAS 22, dezembro 2000
camente nenhuma evolução em termos teatrais, o século XVIII iniciou bem melhor, com pelo menos duas peças impressas de Manuel Botelho de Oliveira, incluídas no seu livro Música do Parnaso (1705). É, portanto, no decorrer desse século que o teatro começa a despontar, a princípio timidamente, mas aos poucos alçando vôos mais ousados, embora a Igreja católica continuasse infiltrando-se decisivamente em todas as atividades culturais da colônia, mormente no