História da Psicologia
Introdução
Este artigo nasce de uma reflexão sobre meu percurso pessoal de pesquisa na área dos estudos históricos em psicologia, realizado ao longo de trinta anos, e abordam as principais questões, interlocuções e referências metodológicas e conceituais que contribuíram para seu desenvolvimento e que se apresentaram ao longo do caminho. Deste modo, estrutura-se através de alguns tópicos principais: a definição do campo histórico – necessária para demarcar o domínio da pesquisa; as relações entre história e memória – que dizem respeito também aos atos da criação e da preservação das fontes, atos que, de um modo ou de outro, são profundamente relacionados ao nosso fazer a história; as interações entre historiografia, ciências humanas e psicologia – que exige o diálogo constante e fecundo entre os pesquisadores; o pluralismo metodológico na história da psicologia – que implica a abertura consciente e atenta diante das diversas possibilidades de se reconstruir a história; e a escrita – ou seja, o cuidado da transmissão, da comunicação e da permanência da nossa trajetória pessoal de investigação, na medida em que for trilhada num território espacial e temporal mais amplo.
A Definição do Campo Histórico
Sob o rótulo de Historia da Psicologia compreendem-se dois domínios distintos, o da História dos Saberes Psicológicos e o da História da Psicologia Científica: o primeiro utiliza-se dos métodos próprios da História Cultural e da História Social, o segundo assume as modalidades de investigação sugeridas pela Historiografia das Ciências. Michel De Certeau (2000) alerta que o trabalho do historiador é basicamente um ato histórico fundador de sentido e instaurador de conhecimento. Por isto, o trabalho historiográfico pode ser definido como um fazer singular, onde o sentido não é tanto desvendado na observação do dado, mas é fruto de um ato, de uma relação entre quem conhece e