História da filosofia antiga
O conflito que existe entre filosofia do homem e ciências humanas remete a discussão entre o saber humano e o saber divino. Para Heráclito o saber não é de sua autoridade, mas um saber próprio da divindade, uma sabedoria incondicionada, a qual não permanece na inércia da superficialidade dos objetos, todavia aprofunda-se na essência das coisas. Snell afirma que Homero “é um poeta que por si só não sabe o que diz, e o diz não graças a sua própria inteligência ou experiência pessoal, mas á inspiração divina”.
A literatura grega não se fundamenta apenas em metáforas ou imagens, mas representam os conceitos presentes na Grécia Antiga. Com efeito, podemos afirmar que o ato de poetar é um processo do poeta para traduzir-se no mundo. Contudo, “as musas dão ao poeta o que chamaríamos de representação interior”. Tudo isso patenteia que a Musa constrói o poeta mediante a suas características, e o mesmo nasce das entranhas das experiências vivas inexplicáveis. Portanto os sentimentos e sensações que trasladam o presente, que até então não se dirigem imediatamente ao palpável, passa a torna-se visível por meio das experiências facultadas pelas Musas. “Segundo Homero: quanto mais ampla for a experiência, tanto maior será o saber; conhecemos melhor o que vimos diretamente do que aquilo que ouvimos dizer.”
Não estamos apenas catalogados nos acidentes das coisas presentes, todavia estamos conectados no passado, no presente e no futuro. Lembramos-nos do que falamos no dia anterior, esperamos ansiosos a pizza que ainda não está pronta, desejamos estar em outro lugar do mundo, em outro tempo, ansiamos pela compreensão de textos filosóficos, os quais nos desafiam a pensar, enfim são tempos invisíveis, espaços vazios, ações impalpáveis... Que segundo Xenófanes “os homens pouco viram e, portanto, pouco sabem.” São as Musas que revelam a compreensão de passado, presente e futuro para Hesíodo, o qual encontra-se no equilíbrio da vida presente nos extremos