Historia
JOÃO DÉCIO
Um breve olhar sobre os últimos trinta anos da Literatura Portuguesa, assinala, seja no romance, no conto ou na poesia, a presença de um número considerável de mulheres que vêm consolidando seu papel na criação literária. Figuras como Agustina Bessa Luís (autora de A Muralha, a Sibila, Ternos Guerreiros, O Manto, O Sermão do Fogo, Os incuráveis), como Fernanda Botelho (Xarazade e os outros, A Gata e a Fábula, O Ângulo Raso, Terra sem música), Maria Judite Carvalho (Os idólatras, Os armários vazios, As palavras poupadas), Irene Lisboa (O pouco e o muito, Titulo qualquer serve para novelas e noveletas, Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma, Contarelos), Sophia de Mello Breyner Andresen (Contos exemplares) além de sua poesia, Maria Teresa Horta (Ambas as mãos sobre o corpo), Natália Nunes (Assembléia de mulheres, A nuvem, Autobiografia de uma mulher romântica, Regresso ao Caos), Marta de Lima (O sabor da vida), Isabel da Nóbrega (Viver com os outros), Yole Kace Centeno (Não só quem nos odeia) e outras, merecem um estudo acurado e uma atenção permanente dos críticos e dos professores de Literatura. Nesta oportunidade, vamos nos deter numa romancista, que até o momento lançou dois livros: Maria Isabel Barreno, autora de De noite as árvores são negras e Os outros legítimos superiores, o primeiro de 1968 e o segundo de 1970. Maria Isabel Barreno é bastante jovem, e é licenciada em Ciências Históricas e Filosóficas pela Universidade de Lisboa. Iniciou-se na vida literária através de três contos publicados em jornais de Lisboa. Em novembro de 1967, participou de um colóquio sobre "A situação da Mulher Portuguesa", dirigido pelo escritor e jornalista Urbano Tavares Rodrigues.
— 266 — Nos livros de Maria Isabel Barreno estão evidentes algumas características mais ou menos presentes na ficção feminina em geral: o memorialismo, o intimismo, o lirismo amoroso e erótico, o estudo dos problemas cruciais que