É notório o grande interesse do historiador José Murilo de Carvalho, entre outras coisas, pela questão da cidadania no Brasil. Sua obra " Cidadania no Brasil - o longo caminho" revela esse seu grande interesse pelo assunto. E não só nesta obra, como também em entrevistas concedidas para alguns programas de televisão - como ocorreu no programa do Jô, na Tv Globo, como também no programa Sintonia pela Tv Brasil - e em outras obras suas que abordam essa questão acerca de como foi e está sendo a construção da cidadania brasileira. Neste último caso, temos o exemplo de " Os bestializados - o Rio de Janeiro e a República que não foi" (Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. 3° ed. SP. Ed. Companhia das Letras, 1998. 196 páginas). Neste livro, o autor questiona a veracidade da frase de Aristides Lobo, na qual foi usada para compôr o título da obra, acerca da postura da população diante da Proclamação da República em 1889 e do novo regime republicano. Diante disso, José Murilo de Carvalho, analisa os diferentes sentidos que a questão da cidadania provocou em diversos setores da sociedade carioca. E aqui, passamos a perceber outro ponto característico importante na sua obra, que é análise centrada no Rio tendo como fundamento a tese que diz respeito às ressonâncias dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos desta cidade pelo resto do país. O Rio de Janeiro é seu ponto de partida para entender os efeitos republicanos no Brasil. É nessa cidade que a construção da cidadania tem maiores proporções, partindo do príncipio de que as cidades são os lugares clássicos para o desenvolvimento da cidadania. Porém, na visão do autor, esse pontencial da cidade do Rio para esse desenvolvimento não ocorreu, expressa na tamanha indeferença de grande parte da população para com a República e com os assuntos políticos.
No primeiro capítulo, intitulado " O Rio de Janeiro e a República", José Murilo de Carvalho procura analisar, em primeira instância, as mudanças