Historia
11122 palavras
45 páginas
A forma como abordaremos, neste livro, o estudo das sociedades do antigo Oriente Próximo - através dos exemplos egípcio e mesopotâmico - vincula-se diretamente à noção de modo de produção asiático. Começaremos, então, por uma exposição sumária: dos antecedentes do surgimento deste polêmico conceito; da sua elaboração na obra de Marx; e do seu complexo destino posterior. Em seguida, trataremos de expor a versão específica do mencionado conceito, que nos servirá de base para interrogar os exemplos escolhidos. Do século XVI ao XVIII, os escritores europeus que, por alguma razão, se referiam ao Oriente - à Ásia, faziam-no no contexto do pensamento acerca do social como existia em sua época, isto é, manifestando interesse prioritário, ou mesmo exclusivo, pelos aspectos políticos. Assim, na fase anterior, noções como o "despotismo oriental" apareciam como objetos perfeitamente autônomos e legítimos de análise. Inicialmente, os materiais usados provinham da Bíblia e de escritores clássicos antigos – por exemplo, as opiniões manifestadas pelos gregos acerca do Império Persa bem como de informações não muito precisas sobre os turcos otomanos e o Império Moscovita.
A partir do século XVII, porém, multiplicaram-se as publicações de escritos de viajantes, mercadores, navegantes e diplomatas que se dirigiam ao Oriente (Império Turco, Pérsia, India, China etc.) em busca de ganho mercantil, de vantagens comerciais para si próprios ou para os países que os enviavam. Foi unicamente no século XIX que as sociedades asiáticas passaram a ser encaradas em sua heterogeneidade e multiplicidade, e vistas como objeto de estudo em si mesmas, em função não apenas das mudanças ocorridas na maneira de abordar o social, mas também de uma penetração crescente e em profundidade dos interesses europeus nessas sociedades orientais.
Pensadores se debruçavam sobre tais problemáticas, tentando entendê-Ias e dar-Ihes respostas positivas e pragmáticas, alguns dos quais foram pioneiros na