historia
ANTONIO GOUVÊA
MENDONÇA
é professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
ANTONIO GOUVÊA MENDONÇA
Um caso de religião e cultura
“[...] uma coisa é certa: a noção de que a religião ajusta as ações humanas a uma ordem cósmica imaginada e projeta imagens da ordem cósmica no plano da experiência humana”
(Clifford Geertz, A Interpretação das Culturas).
Outro representante do liberalismo protestante, Adolf Harnack (1851-1930), tratando de responder a essa pergunta deu, entre 1899 e 1900, um curso na Universidade de Berlim sob o título “A Essência do
Cristianismo”, publicado logo em seguida.
Harnack defende a tese de que só podemos saber o que é o cristianismo captando seu desenrolar na história, seus momentos vividos nas expressões sociais e culturais da humanidade. Em suma, não é possível captar sua essência. Troeltsch acompanha
Harnack, porém avança algo mais ao propor que o cristianismo não é um fenômeno que se esgota em si mesmo mas que, em virtude de seu caráter normativo, influi e condiciona as ações humanas. Assim, a diferença entre Harnack e Troeltsch está em que este avança o pensamento daquele na direção da concretude histórica do cristianismo
(Mendonça, 2003).
Essa concretude fenomenológica que perpassa esse primeiro estágio do liberalismo teológico protestante tem suas raízes em Frederico Schleiermacher (1768-1834), geralmente considerado o principal teólogo entre João Calvino e Karl Barth (18861968). A teologia de Schleiermacher é com justiça considerada como a maior expressão da compreensão liberal e romântica da religião cristã. Baseando-se na psicologia,
Schleiermacher afirma que o sentimento constitui a faculdade peculiar da vida religiosa. Religião não é conhecimento, assim como não o é a atividade que condiciona a vida moral, mas é sentimento. Presença do infinito no finito.
O conceito de sentimento tem trazido para seus leitores certas dificuldades de compreensão e,