historia
Referência: SOUZA, Laura de Mello e. O sol e a sombra: política e administração da América portuguesa do século XVIII. São Paulo: companhia de letras, 2006. 505p.
4. Nobreza de sangue e nobreza de costume: idéias sobre a sociedade de Minas Gerais no século XVIII.
A autora trata neste capítulo sobre a especificidade da sociedade de Minas gerais, cuja elite buscava o empobrecimento e assentar uma linhagem de sangue, como no nordeste açucareiro. Também observa os modelos de nobreza vindos das metrópoles e o significado de ser nobre em Minas.
Minas Gerais diferiu bastante das capitanias mais antigas da América Portuguesa e Souza exemplifica com o Nordeste brasileiro. Os senhores de engenho constituíram no Nordeste “uma aristocracia de riqueza e poder, que desempenhou e assumiu muitos dos papéis tradicionais da nobreza portuguesa, mas nunca se tornou um estado com bases hereditárias”, em São Paulo e depois em Minas a situação foi muito distinta. São Paulo e Minas gerais para a autora não podem ser analisados separadamente. Em São Paulo a desqualificação dos de São Paulo ganhou força ao longo do século XVIII, quando a descoberta das minas de ouro e o tumulto que se seguiu trouxeram elementos novos à polêmica. Já em Minas, tal característica se acentuaria ainda mais: se houve desde o início exploração sistemática da terra, como engenhos de aguardente, moinhos de farinha, roças de subsistência, pomares de cítricos, não foi a terra, não foi diferentemente do ocorrido no Nordeste, que conferiu status e preeminência social ate os fins do século XVIII. O aspecto que mais contribuiu para o mal-estar generalizado com relação a São Paulo e a Minas foi o caráter específico da sociedade que aí se formou. Em São Paulo, a mestiçagem das elites e sua autonomia contraditória entre o aparelho de Estado mostraram-se decisivos.
Souza mostra que a situação de Minas estava realmente grave. A região se povoara rapidamente: os primeiros descobertos oficiais