Historia
Entre o fim do século XIX e o início do século XX, importantes cidades vivenciaram os efeitos de uma série de transformações que hoje caracterizamos como “a modernidade”. É comum encontrar esse termo associado a uma era de contradições, marcada por uma série de transformações tecnológicas e culturais que criaram novas formas de pensar e de experimentar o espaço e o tempo.
No Brasil, a influência de padrões europeus de urbanização, sobretudo o francês, caracterizou a remodelação de nossas capitais. A série de ações “modernizadoras” buscava destruir as feições coloniais de nossas cidades, procurando adequá-las aos moldes europeus e “civilizados” da época, as intervenções não se constituíram em meras cópias de modelos europeus.
Poderíamos afirmar que as experiências de modernização das cidades de Belém e do Rio de Janeiro, no âmbito da gestão municipal, guardam muitas semelhanças. As referências a Paris e ao barão Haussmann, a preocupação com o apagamento do passado colonial, a ênfase na estética e no saneamento podem ser elencadas como as principais afinidades. Também é necessário reconhecer que assim como Pereira Passos foi elevado ao status de mito urbano brasileiro, Antonio Lemos o é da mesma forma no plano paraense. Interessante perceber que, de modo assemelhado, Pereira Passos e Antonio Lemos, em seus devidos lugares, desfrutam ainda de um consenso que não tiveram entre os seus contemporâneos.
Outra semelhança que considero fundamental, na medida em que abre possibilidade para abordagens renovadas sobre a questão: a permanência de um imaginário de uma cidade moderna do passado, que ecoa até os dias de hoje. Por outro lado, a nova historiografia regional vem questionando essa memória e trazendo à tona a multiplicidade de fraturas e conflitos experimentados durante esse processo: se é que houve uma época de ouro em Belém, esta foi para poucos.
Contudo, algumas singularidades são detectadas, tais como os recursos