Historia
Introdução
Por que se interessar pela europa medieval?
A Idade Média tem má reputação. Talvez, mais do que qualquer outro período histórico: mil anos de história da Europa Ocidental, entre os séculos V e XV, entregues às idéias preconcebidas e a um menosprezo inextirpável, cuja função é, sem dúvida, permitir que as épocas ulteriores forjem a convicção de sua própria modernidade e de sua capacidade em encarnar os valores da civilização. A obstinação dos historiadores em desafiar os lugares-comuns não fez nada contra isso, ou muito pouco. A opinião comum continua sendo associar a Idade Média às idéias de barbárie, de obscurantismo e de intolerância, de regressão econômica e de desorganização política. Os usos jornalísticos e da mídia confirmam esse movimento, fazendo apelo regularmente aos epítetos "medieval", ou mesmo "medievalesco", quando se trata de qualificar uma crise política, um declínio dos valores ou um retorno do integralismo religioso.
A construção da idéia de Idade Média
É verdade que a imagem da Idade Média é ambígua. Na Europa, pelo menos, os castelos fortificados atraem a simpatia dos alunos e os cavaleiros da Távora Redonda têm ainda alguns adeptos, enquanto a organização de torneios cavaleirescos ou de festas medievais parece ser um eficaz argumento turístico, inclusive nos Estados Unidos. Crianças e adultos visitam as catedrais góticas e são impressionados pela audácia técnica de seus construtores; os mais espirituosos impregnam-se com deleite da pureza mística dos monastérios românicos. O caráter bizarro das crenças e dos costumes medievais excita os amadores do folclore; a paixão pelas raízes, exacerbada pela perda generalizada de referências, empurra em massa para essa idade recuada e misteriosa. Já o romantismo, no século XIX, tomando o contrapé do Iluminismo, comprazeu-se em valorizar a Idade Média. Enquanto Walter Scott dava sua forma romanesca