Historia de brasilia
UMA CONTRADIÇÃO ENTRE UTOPIA E REALIDADE
Lara Moreira Alves laramoreira@brturbo.com Este artigo se propõe a analisar a construção de Brasília sob quatro aspectos fundamentais: como uma cidade progressista, fruto de um pensamento mudancista que fascinava a atraía o povo brasileiro para a conquista do Centro-Oeste; como uma cidade com características modernistas, encontradas, no plano de
Lúcio Costa, nas linhas retas, geométricas e simples das construções arquitetônicas e da planificação do terreno, e, ainda, na demarcação da posse de uma terra brasileira pelo espírito brasileiro e moderno do homem do século XX; como uma cidade dotada de uma visualidade monumental, cuja espacialidade e imponência dos prédios públicos lhe conferem esse caráter e, por último, como uma cidade utópica, construída para ser uma obra de arte, intocável, contraditória e, principalmente, distante dos problemas sociais gerados por essa utopia urbanística. O objetivo é mapear e compreender esses aspectos de Brasília, fazendo uma leitura da visualidade da capital federal, por meio das pinturas do artista, designer e gravador Milton Ribeiro, realizadas no período de 1967 a 1992. A produção artística de Milton Ribeiro reconstrói Brasília, acompanhando seu desenvolvimento, perpetuando a grafia de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e ao mesmo tempo, documentando a arquitetura vernacular presente em vários pontos da cidade. O que pretendemos com a pesquisa da qual originou este artigo é contrapor as pinturas desse artista com as análises feitas sobre o pensamento difundido na implantação de Brasília, procurando entender como o artista percebe e retrata a capital federal (progressista, moderna, monumental e utópica) no momento de sua construção.
1. Brasília: capital progressista
A construção de Brasília foi marcada por várias iniciativas e idéias que permearam o imaginário daqueles que pretendiam ver erguida, na região Centro-Oeste do país, a sede do governo