Historia de Africa
J. D. Fage.
A evolução dos estudos históricos da áfrica, desde as antigas concepções orientalistas europeias até a sua reformulação actual e recente depois da ascensão dos movimentos negros e do pós-colonialismo, passando pela historiografia arábica e pela produção autóctone in história geral da áfrica. São paulo; ática, 1981 volume 1
os primeiros trabalhos sobre a história da áfrica são tão antigos quanto o início da história escrita. Os historiadores do velho mundo mediterrânico e os da civilização islâmica medieval tomaram como quadro de referência o conjunto do mundo conhecido, que compreendia uma considerável porção da áfrica. A áfrica ao norte do sahara era parte integrante dessas duas civilizações e seu passado constituía um dos centros de interesse dos historiadores, do mesmo modo que o passado da europa meridional ou o do oriente próximo. A história do norte da áfrica continuou a ser parte essencial dos estudos históricos até a expansão do império otomano, no século xvi.
Após a expedição de napoleão bonaparte ao egipto em 1798, o norte da áfrica tornou-se novamente um campo de estudos que os historiadores não podiam negligenciar. Com a expansão do poder colonial europeu nessa parte da áfrica - após a conquista de argel pelos franceses em 1830 e a ocupação do egipto pelos britânicos em 1882 - um ponto de vista europeu colonialista passou a dominar os trabalhos sobre a história da porção norte da áfrica. No entanto, a partir de 1930, o movimento modernizador no islão, o desenvolvimento da instrução de estilo europeu nas colónias da áfrica do norte e o nascimento dos movimentos nacionalistas norte-africanos começaram a combinar-se para dar origem a escolas autóctones de história que produziam obras não apenas em árabe, mas também em francês e inglês, restabelecendo assim o equilíbrio nos estudos históricos dessa região do continente.
Assim sendo, o presente capítulo preocupar-se-á sobretudo com a historiografia da áfrica