Historia da africa
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CAPÍTULO 4
Fontes e técnicas específicas da história da África – Panorama Geral
T. Obenga
As regras gerais da crítica histórica, que fazem da história uma técnica do documento, e o espírito histórico, que pede o estudo da sociedade humana em sua caminhada através dos tempos, são aquisições fundamentais utilizáveis por todos os historiadores, em qualquer país. O esquecimento desse postulado manteve durante muito tempo os povos africanos fora do campo dos historiadores ocidentais, para quem a Europa era, em si mesma, toda a história. Na realidade, o que estava subjacente e não se manifestava claramente, era a crença persistente na inexistência de uma história na África, dada a ausência de textos e de uma arqueologia monumental.
Portanto, parece claro que o primeiro trabalho histórico se confunde com o estabelecimento de fontes. Essa tarefa está ligada a um problema teórico essencial, ou seja, o exame dos procedimentos técnicos do trabalho histórico.
Sustentados por uma nova e profunda necessidade de conhecer e compreender ligada ao advento da era pós-colonial, os pesquisadores fundaram definitivamente a história africana, embora a construção de uma metodologia histórica ainda prossiga. Setores imensos de documentação foram revelados, permitindo aos pesquisadores formularem novas questões. Quanto mais os fundamentos da história africana se tornam conhecidos, mais essa história se diversifica e se constrói de diferentes formas, de modo inesperado. Há cerca de quinze anos produziu-se uma profunda transformação dos instrumentos de trabalho e hoje
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Metodologia e pré-história da África
se admite de bom grado a existência de fontes utilizadas mais particularmente para a história africana: geologia e paleontologia, pré-história e arqueologia, paleobotânica, palinologia, medidas de radiatividade de isótopos capazes de fornecer dados cronológicos absolutos,