Hemocultura
Artigo de revisão
Hemocultura: recomendações de coleta, processamento e interpretação dos resultados
Maria Rita Elmor de Araujo
Médica Patologista Clínica, Coordenadora médica dos setores de Microbiologia dos Laboratórios do Hospital Beneficência Portuguesa, São Paulo (SP) e Hospital do Coração, São Paulo (SP), Brasil. maitaelmor@uol.com.br
Introdução
B
acteriemia é o termo que designa a indicação da presença de microrganismos viáveis na corrente sanguínea. É um fenômeno de grande relevância diagnóstica, pois frequentemente está associado a um aumento considerável nas taxas de morbidade e mortalidade, além de representar uma das mais significativas complicações no processo infeccioso, o que torna a hemocultura um exame de importante valor preditivo de infecção. A maioria dos episódios sépticos tem origem hospitalar e com certa freqüência envolvem microrganismos que apresentam grande resistência aos antimicrobianos, estando associados a taxas de mortalidade com tendência a serem superiores às dos episódios que ocorrem na comunidade (38). Neste contexto, o laboratório clínico tem um papel extremamente importante no manejo de pacientes com bacteriemia, uma vez que a hemocultura positiva para microrganismos patogênicos é um indicador altamente específico de Infecção da Corrente Sanguínea (ICS), permitindo que a identificação do agente e o antibiograma
J Infect Control 2012; 1 (1): 08-19.
auxiliem na orientação da terapia antimicrobiana, cuja aplicação precoce tem demonstrado redução significativa na mortalidade (10,11). A bacteriemia primária é assim denominada por ter origem no próprio sistema circulatório ou pela entrada direta de microrganismos na corrente sanguínea, através de agulhas, infusões contaminadas, cateteres ou outros dispositivos vasculares. A bacteriemia secundária ocorre através de drenagem de pequenos vasos sanguíneos ou linfáticos, seguindo para a corrente circulatória como consequência de um foco de infecção