helenismo
Uma ótima oportunidade de confirmar o valor de verdade da expressão “historicidade da filosofia”, é tomar contato com o período de transição da filosofia antiga e clássica grega para o pensamento filosófico da época helenística. Podemos constatar o quanto o ambiente humano cultural pode participar da construção dos modelos de verdade, para que nele o homem se apoie, dando segurança e sentido à sua própria existência. O movimento do pensamento é auto-gerador. Na mesma proporção que gera alteração no ambiente cultural mais amplo, recebe de volta o motivo da auto-reflexão e reformula novamente o sentido para seu mundo físico e espiritual. Fluxo e refluxo que pulsa a energia humana gerando o movimento histórico-cultural do qual a filosofia participa como a ferramenta eficiente e, no mundo a partir dos pré-socráticos, mais necessária.
O grande evento histórico da transformação ocorrida na Grécia clássica e que marca a transição para a época helenística foi a expedição de Alexandre Magno no período de 334 a 323 A.C. Foram radicais mudanças em todo o espírito do mundo grego por desfazerem uma das maiores realizações, não só entre os gregos mas, de toda a humanidade: a criação e o estabelecimento da Polis como o espaço público para o exercício da cidadania, na qual o homem livre cumpria sua obrigação de decidir os rumos do seu estado. Como para o grego da época clássica sua vida privada se confundia com sua condição de cidadão, a totalidade de sua existência transcorria no exercício da cidadania; na polis. Toda a construção de um ideal se desfazia sob um outro que se impunha pela força. As antigas concepções, fundamentais para o antigo modelo de vida, alicerçada na espiritualidade da moral refletida pela ética, que culminava no pensamento de Platão e Aristóteles, desaparecia deixando em seu lugar o vazio que o novo habitante, já nem tanto cidadão, deveria preencher.
As novas monarquias helenísticas, nascidas da dissolução do império de