Heidegger - Análise do §44 de Ser e Tempo

O parágrafo 44 de Ser e Tempo trata da questão da verdade, de uma maneira até então impensada na tradição filosófica, travada pela sedimentação dos conceitos. A inovação de Heidegger se constitui em instituir, paralelamente à analítica existencial, a tarefa de uma destruição da história da ontologia, pois, na medida em que, na atitude teórica, o ser-aí é nivelado com aquilo que é categorial, ele tende a se interpretar categorialmente, ou seja, a não se compreender em seu caráter propriamente existencial. Por isso, a destruição dos conceitos é tão decisiva em Ser e Tempo. Na primeira parte do livro, Heidegger trata da destruição do espaço a partir da estrutura ser-no-mundo. No § 44,ele dá continuidade e este método e operacionaliza em 3 teses a essência da verdade: primeiro, ele faz uma crítica a história das ontologias por reduzir a essência da verdade à adequação entre intelecto e a coisa, e demonstra que esta deriva originalmente da concepção de verdade como “desvelamento”, no tópico (a).
A reconstrução do conceito tradicional de verdade e seus conceitos ontológicos.
Se por um lado, a questão do ser foi a tônica das pesquisas de Platão e de Aristóteles, e se foi aí que teve gênese toda a tradição do pensamento ocidental, por outro lado, não houve um desenvolvimento significativo acerca da falta de uma resposta à questão sobre o “sentido do ser”, que encontrava-se esquecido no meio acadêmico-filosófico das primeiras décadas do século passado, como se o ser não fosse mais digno de ser posto em questão. Por sua vez, a solução Kantiana é considerada por Heidegger tardia e hipostasiante, ao passo que Husserl mantém o conceito da tradição impensado: ele altera a essência do sujeito como performance, onde há campos de mostração correlatos ao ser do sujeito, mas não determina este ser.
Heidegger faz uma reconstrução sintética dos passos que vão gerando as nossas posições em relação à verdade, como conceitos encurtados fundados em traduções e interpretações