Hegel
1 - A razão é a suprema união da consciência e da consciência de si, ou seja, do conhecimento de um objeto e do conhecimento de si. É a certeza de que as suas determinações não são menos objetais, não são menos determinações da essência das coisas do que são os nossos próprios pensamentos. É, num único e mesmo pensamento, ao mesmo tempo e ao mesmo título, certeza de si, isto é, subjetividade, e ser, isto é, objetividade.
2 - A razão é tão poderosa quanto ardilosa. O seu ardil consiste em geral nessa atividade mediadora que, deixando os objetos agirem uns sobre os outros conforme à sua própria natureza, sem se imiscuir diretamente na sua ação recíproca, consegue, contudo, atingir unicamente o objetivo a que se propõe.
3 - A Razão governa o mundo e, consequentemente, governa e governou a história universal. Em relação a essa razão universal e substancial, todo o resto é subordinado e serve-lhe de instrumento e de meio. Ademais, essa Razão é imanente na realidade histórica, realiza-se nela e por ela. É a união do Universal existente em si e por si e do individual e do subjetivo que constitui a única verdade.
POR QUE a razão é HISTÓRICA ?
A RAZÃO não está na HISTÓRIA; ela é a própria história. A razão não está no tempo. Ela dá sentido ao tempo. Diz que os conflitos filosóficos são a história da própria RAZÃO, a qual afirma uma tese (por exemplo, a tese inatista), nega essa tese (por exemplo, a tese empirista nega a inatista) e chega uma terceira posição que nega as duas anteriores(por exemplo, a posição Kantiana). Esse movimento da razão, explica Hegel, tem a peculiaridade de nunca destruir inteiramente o que ela afirmou antes, mas incorpora o caminho percorrido numa verdade superior. O caminho é feito de verdades parciais que vão sendo reunidas até que se chegue a uma verdade totalizadora que as engloba. Eis por que Hegel afirma que a história da razão ou a história da Filosofia é a memória dos caminhos