Hegel e os romanescos
Em suas Lições sobre filosofia da história
1 Hegel defendeu a ideia de que a história teria um fim. Esse tema controverso suscita discussões até hoje e instiga os debates acerca de uma despedida da modernidade. No início na década de 90, Francis Fukuyama e Perry
Anderson retomaram a leitura dessa questão do pensamento de
Hegel. No entanto, ambos os autores malograram na investida de dar ao tema o tratamento adequado. Queremos retomar aqui a leitura da noção de fim da história do filósofo alemão. Com isso procuraremos esclarecer o paradoxo que Hegel nos legou com suas
Lições sobre filosofia da história. Para darmos conta da tarefa proposta buscaremos em um primeiro momento indicar os pilares básicos da filosofia da história hegeliana (1). Posteriormente apontaremos como Hegel compreende o curso da história a partir desses pilares (2). Ao final, discutiremos então os equívocos de Fukuyama e
Anderson. Assim será possível elucidar o paradoxo que o tema do fim da história resguarda. Paradoxo esse que é ignorado pelos dois autores. I O progresso racional da história
Hegel coloca como meta de sua filosofia da história esclarecer aquilo que coordena os acontecimentos históricos: o propósito do Espírito que é o conhecer a si mesmo. Hegel chama de Razão tal propósito. Quando Hegel afirma “que a razão reina e reinou no mundo e na história universal”
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, está indicando que o propósito do
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Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte é uma obra póstuma constituída por anotações de aulas ministradas por Hegel. Sua publicação se deu em 1837, seis anos após a morte do filósofo. Em nossas citações utilizaremos a versão em português traduzida com o título de Filosofia da
História pela editora UNB. Cf. referências bibliográficas ao final do texto.
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Hegel, G.W.F. Filosofia da história, p. 18. HEGEL E O FIM DA HISTÓRIA
FORTALEZA,VOL.V, Nº 8,2009, P.211-230
Hegel and the end of history
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Espírito