Habilidades Sociais KEVIN
Baseado no best seller de Lionel Shriver e dirigido pela cineasta escocesa Lynne Ramsay (de O Romance de Morvern Callar de 2002), Precisamos falar sobre Kevin (We need to talk about Kevin, 2011) é um suspense psicológico que nos conduz pelas memórias de uma mãe, Eva, interpretada por Tilda Swinton (de Conduta de Risco (Michael Clayton de 2007), sobre o nascimento, desenvolvimento e fatídico desfecho de seu primogênito. O filme tem um curso entrecortado, por vezes lembrando o andamento de um pesadelo que, na verdade, é real. A narrativa mistura acontecimentos vividos por Eva após o evento catastrófico perpetrado por seu filho, com memórias desde antes de seu nascimento e imagens onde predominam a cor vermelha. Cinematograficamente brilhante, o filme injeta doses constantemente crescentes de tensão até a saturação de nossa capacidade de pensar e sentir, realizando com sucesso a transmissão das emoções dessa díade mãe-filho, em seu relacionamento vazio e violento.
mas aqui o ponto de vista é o da mãe, que busca um sentido para seu passado e presente. Vinda de uma carreira bem-sucedida como escritora de livros turísticos e uma vida exclusivamente a dois; desde antes do parto, a maternidade parece se configurar como um fardo muito difícil de ser carregado. Nosologicamente, é nítido que Eva encontra-se em uma profunda depressão pós-parto; contudo, o filme vai muito além disso, mostrando todos os desdobramentos do mórbido encontro entre características inatas e um ambiente pouco favorável.
Kevin, filho de Eva, vem ao mundo nos braços gélidos e inábeis de sua mãe devastada. O filme mostra as interações crescentes de violência entre os dois ao mesmo tempo em que entrecorta as imagens com tentativas da mãe de reparar, seja raspando a tinta vermelha jogada em sua casa após a tragédia, seja na infância de Kevin, quando tentava ser amável com ele. O desapego e desinteresse de Kevin pelo mundo fica nítido em diversos momentos e em situações de seu