Gêneros textuais digitais
Este artigo analisa a didatização de gêneros textuais digitais (GTD) em livros didáticos destinados ao ensino de língua estrangeira (LE) com o objetivo de avaliar o tratamento dado nesses materiais instrucionais às especificidades linguísticas desses gêneros e a preocupação das propostas didáticas em promover práticas comunicativas por meio deles. Para a compreensão dos GTD nos baseamos na abordagem enunciativa de Bakhtin (2000), que concebe os GT como enunciados relativamente estáveis desenvolvidos dentro de determinadas esferas da comunicação humana e gerados de acordo com as necessidades comunicativas de tais esferas. Como modelo didatização nos orientamos pela proposta de Schneuwly e Dolz (2002), que concebe um modelo didático de GT que privilegia as características ensináveis dos gêneros e a comunicação por meio deles. Para a análise descritiva das propostas foram considerados os seguintes critérios: tratamento das peculiaridades linguísticas dos GTD e o incentivo das propostas para que o aluno comunique-se por meio do gênero trabalhado. A análise dos materiais instrucionais e das propostas didáticas que eles apresentam revela que eles não oferecem amostras autênticas dos GTD, sendo raras as referências às particularidades linguísticas de gêneros como fóruns virtuais, chats e e-mails, e que esses gêneros são em muitos casos abordados de forma descontextualizada e como pretexto para o tratamento de questões relativas à gramática e ao léxico. Com relação ao incentivo ao uso dos desses gêneros para a comunicação, foi possível constatar que apenas algumas das propostas busca conduzir o aluno à prática comunicativa no meio digital. Essas constatações implicam a necessidade de que sejam revistos os critérios para a abordagem de GT em livros didáticos de LE.