Gueto Apresenta O
No Brasil, os guetos foram formados pelos negros recém-abolidos que tinham a necessidade de usufruírem da cidadania e de participarem do saber escolar nos moldes oficiais, mas sofriam discriminação social e racial.
As camadas populacionais negras, embora não de forma massiva, só atingiram níveis de instrução quando criaram suas próprias escolas nas comunidades onde viviam, porque as políticas públicas não os contemplavam com esse direito. Há poucos registros históricos dessas experiências, embora tenham existido como o Colégio Perseverança ou Cesarino, primeiro colégio feminino fundado em Campinas, no ano de 1860 e o Colégio São Benedito, criado em Campinas, em 1902, para alfabetizar os filhos dos homens negros da cidade.
Contudo, concluímos que mesmo durante o Império já era comum a preocupação dos negros em apropriarem-se dos saberes na forma escolar. Um exemplo disso é o registro de uma escola criada pelo negro Cosme, no Quilombo da Fazenda Lagoa-Amarela, em Chapadinha, no Estado do Maranhão, para o ensino da leitura e escrita para os escravos aquilombados. Negro Cosme foi um quilombola que se destacou como um dos líderes da Guerra dos Balaios. Há informações de que esse quilombo teve sua existência por dois anos, sendo depois arruinado pela guerra.
Apesar da história da educação brasileira ter funcionado como um dos veículos de continuísmo do tratamento desigual aos negros na sociedade brasileira, não se pode negar que existe uma história da educação e da escolarização das camadas afro-brasileiras.
Atualmente, nas escolas do gueto, o contexto social, econômico e político interferem muito no processo ensino-aprendizagem, pois os alunos têm mais dificuldades, porque desde cedo precisam trabalhar para ajudar no sustento da família,