Guernica
Toda obra de arte é um existente singular. Um evento que ocorre uma única vez.
No caso da pintura, o que temos, neste nível de análise, são interações entre os diversos elementos espaciais, tais como manchas, formas, áreas internas e externas em permanente conflito e contraste. Seu objeto imediato nos mostra uma pintura em preto e branco e tons de cinza, onde predominam os contrastes e o dinamismo das áreas ocupadas, por essas, não cores.
Seu conjunto iconográfico, as figuras, se apresenta como um modelo, isto é, são figuras singulares, esquemáticas e não figuras óticas e realistas. A cor está ausente. O espaço de representação do quadro é do tipo ideográfico e não ótico ou fotográfico. Daí, a ênfase no preto e branco e não na cor, é uma composição com elementos predominantemente físicos. O espaço ideográfico se caracteriza por representar o que se sabe, e não o que se vê. É um espaço para as idéias e não para as percepções. Isto traz conseqüências para a obra como signo e também para o seu modo de leitura. O espaço de representação é do tipo topológico, isto é, apresenta-se como espaço concreto e físico de figuras que se espalham conforme a lógica do lugar onde se encontra na superfície pictórica. É um espaço tátil, concreto e físico. Ora, não sendo um espaço "realista" e sim ideográfico, o quadro como representação está longe de ser semelhante ao real, portanto indicial, tornando-se um ícone, pois é aqui que predominam as noções de similitude e semelhança, tal o domínio da ambigüidade.
Pode-se ver as direções estruturais dominantes do espaço, plástico como são: o triangulo, as posturas das personagens e ainda o diagrama dos olhares que convergem para o touro. Lugar de encontro privilegiado que hierarquia, toda a composição e dirige a sua leitura. Estes diagramas direcionais tornam o quadrante superior esquerdo o mais ativo da composição pictórica. A resultante do movimento vai