Green
André Green nasceu no Egito, formou-se em medicina e especializou-se em psiquiatria e psicanálise na França, nas décadas de 50 e 60. Durante sete anos acompanhou o Seminário de Jacques Lacan, mas também buscou em Melanie Klein, Wilfred Bion e Donald Winnicott subsídios para sua atividade clínica.
Nos trabalhos teóricos e clínicos, aprofunda-se na metapsicologia freudiana e trabalhou temas como o afeto, os casos-limite, a clínica do vazio, a teoria do negativo, o narcisismo negativo, a alucinação negativa, a psicose branca, o irrepresentável e a pulsão de morte, a mãe em todos os seus estados – mãe morta, mãe fálica, mãe negra, e a terceiridade, temas em que contribui profundamente com a psicanálise contemporânea.
Introdução
O modelo contemporâneo propõe uma nova síntese ou matriz disciplinar. A teoria concebe o sujeito psíquico como processo heterogêneo de representação que simboliza as relações em e entre o intrapsíquico (centrado na pulsão) e o intersubjetivo (centrado no objeto). Na clínica, os casos-limite transformam-se nos novos quadros paradigmáticos, o que promove a exploração/expansão dos limites da analisabilidade e das possíveis variações do método. A introdução do conceito de enquadre inaugura um esquema triádico (enquadre/transferência/contratransferência) do processo analítico.
A ideia greeniana segundo a qual a constituição do limite interno-externo se vê redobrada pela primeira separação interno-interno na qual poderá apoiar-se a repressão primária, que será consolidada mediante uma clivagem estrutural. (Pode-se dizer, justamente, que nos casos-limite o fracasso relativo dessa estruturação diferenciada do psiquismo determina as falhas na organização narcísica e os conflitos limítrofes expressos pela dupla angústia de intrusão e de abandono).
O insucesso do trabalho do negativo alicerça os quadros clínicos que Green (1990) engloba nos denominados estados-limites. Sua marca essencial refere-se à carência ou insuficiência do estabelecimento