Grande Sert O
Aborda-se, nesse período, temas como a inquietação espiritual do homem, fenômeno exemplificado pela não inserção do sujeito na totalidade do mundo, de modo que a sua integração se dá apenas nos limites de uma classe. O sujeito é, em geral, problemático, visualizando-se uma constante oposição entre o Eu e o mundo. Outro aspecto de grande relevância do período consiste na preocupação dos autores de promover a sondagem da própria linguagem e das estruturas ficcionais. Na obra de Guimarães Rosa esse fenômeno é exemplificado pela reinvenção da linguagem, de modo que os signos estéticos, além do significado semântico, apresentam-se permeados pela musicalidade.
Grande Sertão: Veredas é em si uma obra de difícil classificação. Essa dificuldade remonta a vários aspectos da obra, como, por exemplo, ao seu caráter revolucionário permeado por várias diacronias, sincronismos e diatopias lingüísticas (como os arcaísmos e neologismo), pela narrativa psicológica permeada pela memória da personagem, pelo universo mágico e mítico (irreal) que sonda a narrativa e pelo fato do ponto de vista do mundo ser adicionada ao narrador e não a personagem. Nas palavras de Roberto Schwarz, Grande Sertão: Veredas, pode ser considerada uma obra-prima pois “sem ser rigorosamente um monólogo, não chega a ser um diálogo”.
A obra une a ficção e a realidade, pois nela verificamos a existência de um narrador que conta uma história por ele vivida. O poder corrosivo do tempo passado acaba por confundir os acontecimentos na mente do narrador, impedindo que o mesmo perceba a distinção entre o