graduação
COUTINHO, Luciana G. Adolescência e errância: destinos do laço social no contemporâneo. P. 81-89. Rio de Janeiro. Faperj. 2009
O lugar paradoxal da adolescência na contemporaneidade: ideal cultural ou sintoma social?
A partir da década de 60 o adolescente passa a ser tematizado definitivamente. Desde os movimentos libertários, tendo como protótipo a contracultura americana, a difusão do rock´n roll, o advento da pílula anticoncepcional, e, inclusive, o surgimento da calça jeans, estas são características que corroboram para uma revolução nos modos e costumes que regulam as trocas entre as gerações, anunciando profundas alterações no laço social que o sustenta.
A adolescência é fruto de um enigma relativo à passagem para a vida adulta, ou seja, não há um lugar social marcado a priori a ser ocupado pelos adultos ao deixarem de ser adolescentes, e assim uma “moratória mal justificada” é imposta pela nossa sociedade aos jovens durante a adolescência. (CALLIGARIS, 2000 in: COUTINHO, 2009)
O que ocorre com a adolescência é justamente o oposto daquilo que outras culturas ritualizam coletivamente através dos rituais iniciáticos, onde o jovem deve passar por certas provas e ensinamentos até que possa adquirir o estatuto de adulto, definido em função de alguma atividade valorizada e predeterminada pela sociedade. A adolescência pode ser pensada como um mito, peculiar e específico de uma cultura em que a liberdade e a autonomia tornaram-se os valores hegemônicos.
“Um mito inventado no começo do século XX, que vingou sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial. A adolescência é o prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e pelo qual os próprios adolescentes se contemplam. Ela é uma das formações culturais mais poderosas de nossa época. Objeto de inveja e de medo, ela dá forma aos sonhos de liberdade ou de evasão dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus pesadelos de violência e desordem.” (CALLIGARIS, 2000)
O surgimento da adolescência dependeu