Graduanda
Departamento de Filosofia
Filosofia Moderna II
Prof. Renato Valois
Introdução à Crítica da Razão Pura: apresentação do curso
I. O conceito de filosofia em Kant (Crítica da Razão Pura: “Disciplina da Razão Pura” e “Cânon da Razão Pura”; Lógica [Jaesche]: “Introdução”):
a) Conceito metodológico de filosofia1: conhecimento racional2 puro por conceitos (por oposição ao conhecimento racional puro por construção de conceitos3 . Segundo Kant, filosofia consiste num método baseado na mera compreensão de conceitos dados. A tarefa do filósofo é elucidar certos conceitos não-empíricos, que entretanto, são aplicados pelo homem comum no ato de conhecimento do mundo. Filosofia, portanto, é um método para a explicitação de conceitos. Nesse sentido, a função do filósofo não consiste em investigar setores da realidade e questões como “o que é célula?” ou “o que é matéria?” são a rigor perguntas meramente científicas e distantes do interesse da disciplina. Os conceitos propriamente filosóficos (por exemplo, substância, causalidade etc) não podem, por conseguinte, ser explicados pela indicação de objetos correspondentes – em outras palavras, as perguntas da filosofia são questões relativas à compreensão de conceitos.
b) Conceito “temático” de filosofia4: questões que exprimem um “interesse superior da razão.”5
b.1) Questão principal da filosofia teórica: “O que eu posso (kann) saber?” Essa questão expressa a fórmula geral das questões filosóficas. Filosofia para Kant é uma teoria transcendental dos objetos, ou seja, uma teoria que visa esclarecer as condições de possibilidade do conhecimento de objetos. A questão central da sua filosofia revela um abandono da ontologia clássica em nome de uma teoria do conhecimento: não é possível perguntar sobre o conhecimento em geral, mas sim apenas sobre as condições de possibilidade do conhecimento de objetos. O ponto principal Kant de é localizar os princípios do