Graduanda
A interpretação
Hoje, vamos continuar o nosso percurso a partir das hipóteses defendidas no meu seminário precedente, a fim de abordar com mais precisão o problema da interpretação psicanalítica.
Digamos inicialmente que, entre todas as modalidades de ação do psicanalista, a interpretação é a única intervenção capaz de provocar uma mudança estrutural na vida do analisando e, naturalmente, na vida da própria relação analítica.
O que a interpretação não é
A interpretação, tal como a entendemos, no prolongamento da concepção lacaniana, não se confunde com as intervenções do tipo observações ou precisões que o psicanalista pode dar ao paciente, relativas ao procedimento psicanalítico ou ao quadro analítico. Ela também não se confunde com as chamadas construções ou reconstruções dos aspectos da história do analisando. A interpretação não se confunde com as perguntas que o analista pode fazer ao analisando, visando elucidar o material. A interpretação de que falamos também não se confunde com os confrontos, deduções, conclusões tiradas pelo analista, que mostram ao paciente as seqüências repetitivas da sua vida. A interpretação também não se confunde — continuo — com a parada de uma sessão, nem com a pontuação do relato do analisando e, menos ainda, com os jogos homofônicos das palavras, ao contrário do que acreditam muitas pessoas. Com efeito, muitas pessoas pensam que os lacanianos consideram a interpretação como um jogo homofônico de palavras.
JOGOS HOMOFÔNICOS: Exemplo da paciente com o namorado ALEX (que no latim é Lex sem lei.)
A interpretação psicanalítica não se confunde com nenhuma de todas essas intervenções verbais e mesmo não-verbais e, entretanto, ela pode, a rigor, adotar a figura de qualquer uma dessas variantes.
Quero dizer que uma interpretação pode ser indiferentemente uma parada da sessão, uma pontuação, uma pergunta, um esclarecimento.
Ela pode ser uma palavra, qualquer uma, ela pode ser um gesto do
analista,