Graduanda
No primeiro capítulo da obra Mitos e mitologias políticas de Raoul Girardet indicado para leitura: para uma introdução ao imaginário político, o autor busca, de uma forma ampla, situar o leitor na forma de interpretação do livro, que deve se dar da seguinte forma: “como uma tentativa de exploração de uma certa forma do imaginário – no caso, o imaginário político”. (GIRARDET, 1987, p.11), no que tange principalmente aos grandes conjuntos mitológicos existentes na história política da França dos dois últimos séculos, à saber: a Conspiração, a Idade de Ouro, o Salvador e a Unidade.
Na sua proposta de exame dos conjuntos mitológicos, esbarra na pluralidade de interpretações acerca do vocábulo mito, que:
Para os antropólogos e historiados do sagrado, o mito deve ser concebido como uma narrativa: narrativa que se refere ao passado, mas que conserva no presente um valor eminentemente explicativo, na medida em que esclarece e justifica certas peripécias do destino do homem ou certas formas de organização social. (GIRARDET, 1987, p.12)
Contudo, Girardet define mito político, como “fabulação, deformação ou interpretação objetivamente recusável do real”, embora conceba também sua função explicativa do presente e ainda o seu papel de mobilização. Ao mesmo tempo, entretanto, adverte sobre o risco de buscar uma definição para a realidade mitológica, pois esta por sua vez, seria reduzir, empobrecer ou mutilar toda a sua complexidade. Fazendo um contraponto entre os mitos políticos das sociedades contemporâneas e os mitos sagrados das sociedades tradicionais, observa que não se diferenciam em muitos aspectos essenciais, como a fluidez e a imprecisão de contornos, o que significa dizer que interpenetram-se, que existe entre eles