Graduada
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U L P I A N O T. B E Z E R R A D E M E N E S E S
MORFOLOGIA
DAS CIDADES
BRASILEIRAS
Introdução ao estudo histórico da iconografia urbana
O
título deste texto envolve três noções que são altamente problemáticas: cidade, morfologia
(urbana) e imagem (de cidade). Assim, antes de qualquer consideração suplementar, é necessário definir os campos e as tensões que cada um destes conceitos circunscreve. Fique claro que o horizonte aqui privilegiado é o do historiador, envolvendo não só o entendimento histórico das imagens de cidade, como também seu emprego enquanto fonte na produção do conhecimento histórico.
Isto não implica em desqualificar outros tipos de tratamento e objetivos, mas visa chamar a atenção para a fecundidade desta abordagem e, em contrapartida, para as exigências que ela impõe.
CIDADE
ULPIANO T.
BEZERRA DE
MENESES, é professor do
Departamento de
História da
FFLCH-USP e ex-diretor do Museu
Paulista e do Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP
No volume 3 da História da França Urbana, organizada por um importante grupo de historiadores sociais e da cultura, Guy
Chaussinand-Nogaret (1981, p. 561) vai direto ao âmago do problema na conceituação de cidade: “la ville est un être social. Sa définition objective ne rend pas compte de sa totalité”. Essa tem que ser, obrigatoriamente, a ótica de historiador. Para fundamentar melhor tal perspectiva, o autor faz apelo a um estudo de L. Bergeron e M. Roncayolo sobre uma pesquisa realizada na França com prefeitos imperiais relativamente a aglomerações de população entre 1809 e 1811. A pergunta que se fez a esses novos responsáveis pela administração urbana foi precisamente sobre o objeto de suas responsabilidades: o que era “cidade”? Várias respostas foram dadas, ao sabor dos critérios apontados por cada um. Assim, apresentaram-se critérios
quantitativos,