graduada
Caso mais emblemático de governança corporativa completa dez anos com poucas lições aprendidas Alexandre Di Miceli da Silveira
Há uma década começava a derrocada da Enron, caso mais famoso de governança corporativa da história. Apesar de as primeiras suspeitas sobre seus resultados terem sido levantadas em março de 2001 pela revista Fortune, o mês de agosto é considerado o início do fim da Enron em razão da inesperada demissão do CEO Jeffrey Skilling e do e-mail de uma funcionária da contabilidade enviado ao presidente do conselho Kenneth Lay alertando que a empresa poderia “implodir em uma onda de escândalos contábeis”. A partir daí, suspeitas e problemas se intensificaram — impulsionados pelo congelamento dos mercados de capitais após os atentados às torres gêmeas no mês seguinte —, levando a Enron à falência no início de dezembro de 2001. O caso gerou enorme repercussão, não apenas pelo porte da companhia — era então a sétima maior empresa norte-americana por receitas —, mas, principalmente, por ser considerada modelo de sucesso pelos principais especialistas do mercado, como analistas de ações, jornalistas, consultores e professores de escolas de negócios.
O escândalo da Enron foi também o estopim para diversos outros problemas de governança com grandes empresas norte-americanas e europeias (são exemplos WorldCom, Tyco,
Parmalat e Royal Ahold), além de ter contribuído para a aprovação da Lei Sarbanes-Oxley, com impactos em companhias de todo o mundo.
No fim das contas, o colapso da Enron teve um efeito colateral positivo: aumentou substancialmente as discussões sobre a governança corporativa, contribuindo para a maior importância do tema.
Apesar de sua relevância, poucos atualmente se recordam dos problemas específicos que causaram essa falência espetacular. Quando indagados, muitos participantes de mercado e estudantes de administração mostram uma visão simplista do episódio, limitando-se a dizer que a