governo Lula
Maria Hermínia Tavares de Almeida**
A 1º de Janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do
Brasil. Sua ascensão significou a primeira grande mudança de elites governantes, no país, desde o final do regime militar, em 1985. Até então, o
Partido dos Trabalhadores fora o único dos sete maiores partidos brasileiros que sempre estivera na oposição, no nível federal. E ainda que o novo governo se sustente sobre uma coalizão que inclui partidos que já compartilharam o poder, nos últimos dezenove anos, a mudança nos quadros dirigentes federais, promovida pelo PT, foi muito profunda.
Sendo o PT uma organização comprometida com a reforma social, teria a sua vitória e a substituição de elites que promoveu alterado significativamente o rumo das políticas sociais?
Ainda é cedo para dar resposta definitiva à questão. Entretanto, este artigo começa a enfrentá-la, tomando como indícios as iniciativas da nova administração no plano social.
Aqui se sustenta que, para além da retórica governamental, que destaca o caráter fundador da política social do governo do PT, suas propostas e ações que lograram sair do papel constituem um misto de continuidade e mudança de ênfases e formas de gestão. A prioridade para as políticas de transferência de renda dirigidas aos mais pobres parece ser, até o momento, o traço mais marcante da política social do governo petista e que o diferencia do que se vinha fazendo na área social. Eles apontam, entretanto, para uma concepção de proteção social e um estilo de fazer política social que se afastam das expectativas difusas sobre a atuação reformadora do
Partido dos
Trabalhadores.
Para entender o quanto inovam e o quanto dão continuidade às ações desenvolvidas por governos anteriores e ainda o quanto se apartam das concepções tradicionalmente associadas ao reformismo de esquerda, é preciso
Artigo publicado simultâneamente na revista El Debate político, Buenos Aires. A