Globalização
joão de barro agosto/2008 2
Reflexos da globalização
João de Barro - Qual a sua opinião sobre a cultura atual? Vitor Ortiz - De um modo
Arquivo Pessoal
antes das decisões com relação aos mecanismos de financiamento.
João de Barro - Então houve avanços para o setor com as leis de incentivo? Vitor Ortiz - Eu acho que
geral existe no Brasil e no mundo um crescimento muito significativo no setor cultural, com reflexos inclusive na economia. Um setor que passou a ser importante porque começou a pesar nos cálculos econômicos. Além do avanço da tecnologia, da comunicação mundial (que incrementou-se muito desde os anos 1980), dos fenômenos da globalização, da cultura sem fronteiras, tem um fator interessante que é a concepção contemporânea do que é cultura. Ela ampliou bastante o leque do setor cultural. Hoje cultura não é somente o setor artístico e a área do patrimônio cultural. É extremamente amplo, incluindo as periferias, as linguagens artísticas, a cultura popular. Hoje há uma valorização da diversidade cultural, das manifestações populares. É um setor que cresceu muito nos últimos anos e que vai crescer muito ainda daqui para a frente.
João de Barro - A globalização ajudou nesse sentido? Vitor Ortiz - Eu lembro do
Fórum Social Mundial que no início tinha uma proposta anti-globalização, mas logo em seguida revisou esse conceito. Mesmo os movimentos sociais e a esquerda do ponto de vista político não vêem mais a globalização de uma forma contrária, como se via no início dos anos 1990. Se compreendeu que o fenômeno tinha fatores positivos, como esse da cultura das fronteiras, da ampliação dos relacionamentos. A internet fez uma revolução nisso. Se era contra, na verdade, a um certo modelo de globalização, ao modelo neoliberal, que pretendia impor aos povos de todo o mundo uma lógica de mercado para o consumo cultural. Foi daí que veio todo a nossa crítica aos enlatados americanos do audiovisual que estão aí entupindo