Globalização
A ESTRATÉGIA BRASILEIRA NOS ANOS 901
Brasilio Sallum Jr.
RESUMO
O artigo argumenta que na fase atual do capitalismo os processos de desregulação dos mercados não tendem a produzir um mundo institucionalmente homogêneo: os países adotam formas diversas de integração no sistema mundial e, embora fragilizados, os Estados nacionais ainda têm capacidade de gerar estratégias de desenvolvimento. No Brasil, em substituição ao nacional-desenvolvimentismo, adotou-se nos anos 1990 uma estratégia liberalizante e internacionalizante, consubstanciada com o Plano Real e o primeiro governo FHC. O autor discute o fracasso da tentativa de radicalizar tal estratégia conforme uma versão fundamentalista de neoliberalismo e a possibilidade de que ela assuma aspectos desenvolvimentistas sem perder seu caráter liberal.
Palavras-chave: globalização; desenvolvimento econômico; governo FHC.
Na década de 1980, o tema “estratégia para o desenvolvimento” teve forte presença nos estudos sobre crescimento econômico, especialmente aqueles preocupados em traçar diretrizes para as políticas de governo nos países de industrialização tardia. Mais recentemente, porém, com o avanço extraordinário da reformas liberalizantes em todo o mundo, o debate sobre qual melhor estratégia adotar parece ter perdido sentido, pois “os proponentes de políticas comerciais mais abertas venceram nitidamente o debate de mais de uma década entre a outward orientation e a inward orientation”2. Ademais, como a estratégia outward oriented foi erroneamente identificada à ausência de intervencionismo estatal, a recomendação política dominante passou a ser a de que os países em desenvolvimento se integrassem, pura e simplesmente e cada vez mais, à economia de mercado3.
Assim, a literatura sobre desenvolvimento e política de desenvolvimento ficou quase toda dominada por discussões sobre “ajustamento”, “integração” ou “reformas estruturais”. Discutem-se intensamente o grau e o ritmo,