Globalização
Os temas governo e governamentabilidade não podem ser desenvolvidos em profundidade nas obras de Foucault. Tal reflexão se torna possível a partir da reconstrução de fragmentos dessas obras, incluindo as intervenções orais, publicações fragmentadas de algumas conferências e notas, assim como algumas entrevistas e debates políticos.
O conceito de governo vem reafirmar e corrigir o conceito de “poder” que Foucault utiliza. Seus objetivos se orientavam em duas vertentes: a de especificar uma crítica às concepções e correntes de poder e analisar, de forma específica, as relações estratégicas que se verificam entre indivíduos e grupos.
De uma maneira muito esquemática, poderíamos dizer que seu modelo anterior de poder estava baseado na metáfora da guerra e das técnicas disciplinarias (entendidas como “anatomia política do corpo”, conceito de biopoder). Foucault amplia seu foco de análises e começa a tematizar junto às técnicas disciplinarias os mecanismos específicos de regulação das populações. Sendo assim, mais específico, para Sociologia, seu debate se desloca do contexto “micro” para o ”macro” da vida social, onde seu interesse se volta para processos subjetivos e para a preocupação por ver que relações se manifestam entre “seu” governo e o governo dos “outros”.
Num sentido mais amplo, o conceito foucaultiano de governo faz referência a “ condução da conduta” a uma forma de atividade prática que tem o propósito de conformar, guiar ou afetar a conduta de si mesmo e de outras pessoas. Envolve, portanto, a relação do indivíduo consigo mesmo, com relações interpessoais que envolvam algum tipo de controle ou guia da conduta dos demais. Para Foucault, interessava investigar estas diferentes formas e sentidos do governo.
Dentro da análise de poder, De Marinis destaca haver três níveis: as relações estratégicas, as técnicas de governo e os estados de dominação.
O primeiro tipo de poder apresentado por Foucault são “os jogos