Globalização
Luiz Carlos Delorme Prado(*)1- Introdução
Idéias importam, ou o poder (econômico ou político) é tudo? Idéias legitimam o poder, são sua essência, pois dão-lhe o caracter de justiça ou de inevitabilidade que permitem que seja exercido em atos rotineiros, com a assepsia da normalidade. Economia e poder são o tijolo e a argamassa das relações internacionais. Em poucos campos as idéias são tão relevantes como nas relações internacionais. Uma vez que, no mundo contemporâneo, o direito internacional tem como limite o caracter soberano dos estados nacionais, o exercício de poder nessa esfera exige um elevado grau de legitimidade para não caminhar rapidamente para conflito armado1 . Nesse sentido o uso popular do conceito de globalização como uma expressão de uma mudança econômica, produzido pela dinâmica das inovações tecnológicas, sendo simultaneamente um fenômeno inevitável e desejável, é um belo exemplo de um conceito que embora impreciso, cumpre seu papel de legitimar uma interpretação do mundo. Esta idéia sugere a perda de poder dos Estados Nacionais e sugere, ainda, que isto é inevitável e bem vindo
A palavra globalização é atualmente usada com freqüência em meios de comunicação e pelos teóricos do fim da História nessa forma fatalista e superficial.2 . Nessa abordagem, a mais difundida entre não especialistas e para o grande público, o conceito nunca é definido com objetividade, normalmente é apresentado pelas suas conseqüências, terminando muitas vezes em sentenças normativas ou em afirmações genéricas. Causas e conseqüências, intenções e resultados, expectativas e interesses são apresentados de forma indistinta nesse contexto. Este trabalho afasta-se deste tipo de abordagem. Pretende-se tratar do problema de forma objetiva, o que não implica a ingênua pretensão de declarar-se isento. Objetiva-se, ao contrário, distinguir claramente as afirmações de caracter positivo, isto é, descritivas do