globalização
Zander Navarro
Especial para
*Gramsci e o Brasil*
“[...] a impressão que eu tenho é de que há uma aceleração muito forte na produção de um ente político no Brasil. A consciência está em gestação. Creio que há uma espécie de revolução que nem sempre é silenciosa, que se está dando e nós não temos as antenas para captar porque nos acostumamos a um outro tipo de raciocínio sobre o que é fazer política [...]”
Milton Santos (1926-2001), entrevista à Folha de S. Paulo, 8 jan. 2001
As mudanças e os processos normalmente associados à mágica palavra dos anos recentes, globalização, são irreversíveis e imunes a algum tipo de controle social e político e, desta forma, somos impotentes para a eles nos contrapormos? Ou ainda, como exigência preliminar para conhecer os tempos modernos, o que é exatamente “globalização”? Este notável livro de Milton Santos (Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro, Record, 2000), professor emérito da Universidade de São Paulo e geógrafo internacionalmente conhecido, responde, como um forte e esclarecedor clarão que a tudo ilumina, a estas perguntas, e muitas outras. E, obra destinada ao “vasto mundo”, como acentua o autor, não nos aborrece também com inúmeras citações protocolares, estatísticas repetidas à exaustão e, ainda menos, informa-se através do discurso, às vezes impenetrável, que marca o debate acadêmico sobre globalização.
Globalização não é palavra nova, pois o famoso dicionário editado pela Universidade de Oxford já identificou o aparecimento em inglês do termo “global” há, pelo menos, 400 anos. Os processos identificados com tal palavra, no entanto, são recentíssimos, pois apenas nos últimos quarenta anos é que globalização passou a descrever um conjunto relativamente inédito de novas transformações. Aliás, a própria existência dessas mudanças, para alguns autores, ainda é sequer reconhecida como