gil vigente
Sobre a sua vida e actividade pouco se sabe de seguro: é incerto o local onde nasceu, as datas de nascimento e de óbito que lhe são atribuídas são conjecturais, não é pacífica a sua identificação com um renomado ourives do reino, nem com um mestre da balança na Casa da Moeda que tinha o mesmo nome.
Quanto ao nascimento, com base num manuscrito genealógico quinhentista (Linhagens dos Fidalgos de Portugal, de D. António de Lima Pereira), tem-lhe sido atribuída a naturalidade de Guimarães, embora haja quem defenda que se trata de Guimarães de Tavares, no concelho beirão de Mangualde.
Quanto ao ofício, sabe-se que existiu um ourives também chamado Gil Vicente, que lavrou a notável custódia de Belém e que realizou trabalhos de monta para a Corte portuguesa no início do século XVI, mas é provável que se tratasse de uma outra pessoa, uma vez que se presume difícil de conciliar a riqueza inerente à condição de ourives bem sucedido com a modéstia da vida que o poeta deixa transparecer dos seus escritos.
Há uma outra tradição, mais plausível que identifica Gil Vicente como mestre de retórica do rei D. Manuel. Da mesma época conhece-se também em Lisboa um Gil Vicente alfaiate que foi procurador dos mesteres na Câmara de Lisboa.
Muito provavelmente seriam pessoas diferentes, com o mesmo nome, que naquela época em Lisboa seria relativamente comum (Gil era vulgar, Vicente era o nome do padroeiro da cidade).
Da vida de Gil Vicente é certo que esteve ao serviço da Corte desde 1502, organizando os festejos palacianos por ocasião dos nascimentos, casamentos, recepções e festas cristãs. Naquele ano, representou a sua primeira peça, ao declamar o Monólogo do Vaqueiro, por ocasião do nascimento de D. João, filho de D. Manuel e de D. Maria. Foi protegido por D. João III, de quem recebeu tenças e outros prémios. Colaborou na obra O Cancioneiro