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Luta contra o racismo

A luta contra o racismo insere-se entre as causas grandiosas. Nas conversas, nos discursos, nas falas em público apenas alguém ousa defender o racismo. Nesse nível se tornou um consenso, diria uma evidência na cultura atual.

No entanto, no campo dos fatos, dos acontecimentos, das ações não reina a mesma unanimidade nem harmonia. Vale a pena acordar, de tempos em tempos, a consciência humana para realidades óbvias. Ninguém defende a luz do sol, porque ele brilha independente e soberano sobre as arbitrariedades humanas. Já não se diria a mesma coisa do ar, que vem sendo maltratado pela emissão de dióxido de carbono. A insistência sobre a luta contra o racismo sinaliza que se exige, de nossa parte, atitude da vigilância crítica diante das violações da dignidade das etnias.

Temos uma cultura eivada de expressões, hábitos, gestos, reações racistas. Só luta insana pode superar esse ranço antigo que veio de tantos séculos de escravatura. A Lei Áurea não nasceu virgem, mas já conspurcada por interesses comerciais. Já não interessava aos senhores custear a sustentação dos escravos. Tornou-se mais rentável entregá-los à sua sorte, sem que se lhes criassem condições humanas de vida. Os antigos escravos encontraram-se de repente desprovidos de tudo. Isso os obrigou a extremos na luta pela vida. E o Estado policial pesou forte sobre eles e fechou os olhos para os crimes dos brancos. Daí as estatísticas apontarem para números mais elevados de presos negros ou pardos, enquanto os brancos se livram da justiça da lei. A luta contra o racismo passa pela justiça social, pela modificação radical da diferença das condições de vida das camadas sociais no Brasil.

Durante a CF 1988, “A Fraternidade e o Negro”, o texto-base nos informou a respeito de muitos dados objetivos que refletem a estrutura racista do país: menor acesso aos estudos, especialmente superiores, mais baixa remuneração salarial, maior número de desempregados, maior público carcerário,