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Aula 2 – Estudo de caso Quando estudei Braza-Bela, uma sociedade semimoderna que ocupa uma boa parte da área meridional da América do Sul, testemunhei o trágico episódio de um estupro seguido de prisão, julgamento e vingança. Numa bela manhã de sol, correu a notícia da violentação de uma jovem. Como estava por lá havia apenas um mês estudando mitos, observando o comportamento do seu povo amável e hospitaleiro, e como o evento tivesse ocorrido na parte da aldeia onde residia, busquei saber mais do assunto.
Logo descobri que os argumentos giravam em torno de duas posições estanques e facilmente compreensíveis. Praticamente metade da cidadezinha dizia que o culpado era o rapaz: um criminoso nato, estuprador recheado de desfaçatez, sujeito desqualificado que deveria ser banido da espécie humana. A outra metade defendia exatamente o oposto. Afirmava que a vítima era a culpada.
Ela não os enganava, no fundo era uma safada e, pior, uma provocadora.
"Fêmea", diziam, que usava da sua beleza como arma, moeda de troca e cartão de visita. Teria sido ela que criara o desejo do rapaz e, dentro dele, o inevitável e instintivo ataque que culminara na relação sexual forçada o que, naquele grupo, nem poderia ser classificado como violento já que a própria vítima, afirmavam, gostava de sexo regado à dor.
O caso foi a julgamento que acompanhei tomando notas, fascinado pelo teatro legal que se manifestava no espaço, nas roupas, nos gestos, nas palavras e no invocar das leis e dos argumentos. Um erro de um burocrata local, esquecido de uma lei menor, levou o advogado do acusado a conseguir que o magistrado fosse obrigado não apenas a soltar o rapaz, mas a inocentá-lo de toda a culpa.
Diante disso, a aldeia redividiu-se novamente entre os que culpavam o magistrado por seguir ao pé da letra uma lei menor e, para eles, idiota, e os que defendiam os "direitos adquiridos" que eram uma "cláusula pétrea" quando se tratava de alguém acusado de um crime tão